Dilma, o espírito santo e os discursos sobre gênero e sexualidade
Desde 1985, quando ocorreu as eleições para constituinte, o movimento político vem se atrelando ao religioso. Naquele mesmo ano a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) já trazia um deputado federal para defender seus interesses nos debates da Constituinte. Partindo desse contexto histórico, pode-...
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Publicado: |
2019
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Acceso en línea: | https://bdigital.uncu.edu.ar/fichas.php?idobjeto=12616 |
Sumario: | Desde 1985, quando ocorreu as eleições para constituinte, o movimento político vem se atrelando ao religioso. Naquele mesmo ano a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) já trazia um deputado federal para defender seus interesses nos debates da Constituinte. Partindo desse contexto histórico, pode-se perceber a porosidade das fronteiras entre a esfera política institucional e o campo religioso. Chegamos ao século XXI , no Brasil, com o Congresso convertido em uma arena de disputas na qual o surgimento de uma pauta moral mobiliza questões relativas às relações de gênero e sexualidade como bandeira para lutas anti-igualitárias. Tal agenda se tornou mais evidente após a eleição de Dilma Rousseff para presidência em 2011. A eleição de uma mulher filiada a um partido dito de esquerda causou uma alteração nos discursos da IURD, conforme pudemos acompanhar a partir de análise diária do blog Edir Macedo, principal líder da Igreja. Cotejando os discursos religiosos com os laicos e estes com o cenário político nacional, pretende-se, a partir de pesquisa qualitativa e imersiva, analisar o conteúdo do blog entre os anos 2011 e 2016 identificando as postagens que tomam gênero e sexualidade como elementos centrais (e mesmo tangenciais) para a formação religiosa dos fiéis, a fim de verificar nossa hipótese, a qual propõe que a linguagem religiosa é, de fato, uma mensagem política que pretende moldar não só a conduta moral dos fiéis como também promover enfretamentos às mudanças sociais, políticas e culturais pelas quais a sociedade brasileira passou desde o início dos governos ditos de esquerda. Para a análise dos dados nos valemos dos aportes dos estudos feministas e de gênero em sua vertente pós-estruturalista, uma vez que há grande ênfase na produção discursiva. |
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